A ergonomia é uma clínica do trabalho?
- Flávio Fontes
- 22 de nov. de 2018
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Para o ergonomista François Hubault a resposta é sim. Os seguintes trechos foram preparados em seminários nos anos de 1994 e 1995 e publicados no livro "L'ergonomie en quête de ses principes - débats épistémologiques" (1996) [A ergonomia em busca de seus princípios]:
"a ergonomia não pode admitir a separação entre prática e conhecimento científico (...) Assim, para nós, a ergonomia pertence à família das abordagens clínicas, em que o conhecimento deve-se à pertinência, ou não, do caso particular, histórico, no qual reside a validação. A realidade só é conhecida pela e para a intervenção, a qual supõe conhecimentos para recortar o ponto de vista que a guia. (...) conhecer manipulando, isto define um método de análise. Conhecer para manipular, uma prática de intervenção. Manipular para conhecer, uma metodologia de pesquisa. Em todos os casos, visa-se o conhecimento e a manipulação de um processo e não de um estado. Em todos os casos, a abordagem clínica transforma a relação do conhecimento científico com o Tempo e o Sentido. (...) a ergonomia produz conhecimentos transformando o trabalho, a intervenção sendo considerada como um modo específico de pesquisa, o que a liga a um modelo de ciência pela ação" (p. 123-125).
Hubault, F. (2004). Do que a ergonomia pode fazer a análise? In F. Daniellou (Org.), A ergonomia em busca de seus princípios: debates epistemológicos (pp. 105–140). São Paulo: Edgard Blücher.
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