Psicologicamente, “suspendi a vida”: pesquisa realiza estudo de caso com concurseiros

Diante de um cenário de incertezas, crise e precarização do trabalho, o serviço público tem aparecido como uma espécie de tábua de salvação e objetivo último para muitos brasileiros que buscam estabilidade e segurança, disputando acirradamente os cargos disponíveis em concursos. Em um artigo publicado recentemente na revista Laborativa, intitulado "A Psicodinâmica do não-Trabalho. Estudo de caso com concurseiros", o pesquisador Felipe Burle dos Anjos e a pesquisadora Ana Magnólia Mendes investigam a subjetividade de concurseiros na cidade de Brasília. Como justificar para familiares e amigos que “há todo um investimento do indivíduo num trabalho que não é garantido, apenas prometido” (p. 37) ?

O clima de concorrência e determinação para manter o foco dificultou o trabalho dos pesquisadores em encontrar quem quisesse participar da pesquisa, afinal “o tempo de participação nesta pesquisa (ou em qualquer outra atividade não relacionada aos estudos) é percebido como um tempo a menos de qualificação/estudo” (p. 47). O alto custo financeiro e psicológico de escolher ser um “concurseiro” exige sacrifício pessoal: “É a busca de um objetivo, que é entrar para o serviço público a qualquer custo e tempo” (p. 48).

A principal estratégia para lidar com essa situação parece ser a de encarar o processo de preparação como um trabalho, dedicando 8 horas por dia ao estudo. No entanto, quando isso não acontece como previsto, aparece o sofrimento, através dos sentimentos de culpa, angústia e insegurança. Os autores observam que há poucos estudos acadêmicos sobre o assunto, “um contraste quando comparamos com a quantidade de publicações jornalísticas sobre o tema” (p. 46). Essa pesquisa é certamente uma contribuição para a compreensão da psicologia desse modo de vida escolhido por tantos brasileiros na atualidade.

Para ler o artigo completo clique aqui.

#psicodinâmicadotrabalho